Ícaro Sampaio Inácio, endocrinologista, CRM PE 22.639
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a doença endócrina mais comum entre as mulheres em idade reprodutiva. Caracteriza-se pela combinação de sinais e sintomas de excesso de andrógenos, associados a disfunção ovariana, tendo sido excluídos outros diagnósticos específicos.
Ao menos seis em cada 100 mulheres jovens possuem SOP, mas esse número pode ser até três vezes maior, dependendo do critério utilizado para o diagnóstico. Apesar da causa da síndrome não ser totalmente conhecida, sabe-se que existe a contribuição de fatores genéticos e do estilo de vida.
Na maioria das vezes as pacientes buscam auxílio médico incomodadas pelo excesso de pelos, acne, irregularidade menstrual ou ainda pela presença de cistos ovarianos na ultrassonografia. Existem, contudo, outros sintomas também observados nas mulheres afetadas, como infertilidade e obesidade, com aumento da circunferência abdominal.
Os estudos demonstram ainda que as pacientes com SOP apresentam um risco aumentado de desenvolver hipertensão arterial, diabetes mellitus, esteatose hepática (gordura no fígado), apnéia do sono e até câncer de endométrio. Tais riscos podem, entretanto, ser minimizados com o tratamento correto, que inclui medicamentos e a adoção de um estilo de vida saudável.
O tratamento da SOP deve ser individualizado, levando em consideração as principais manifestações clínicas da paciente. O uso de sensibilizadores da insulina, como a metformina é de grande ajuda, uma vez que a resistência insulínica é comum na doença. O endocrinologista poderá prescrever anticoncepcionais orais e medicamentos anti-androgênicos para aquelas pacientes que ainda não têm desejo de engravidar. Quando a fertilidade for desejada, esses fármacos deverão ser suspensos e medicamentos indutores da ovulação poderão ser utilizados.
A prática regular de atividade física associada a uma reeducação alimentar são os pilares da terapia não medicamentosa da SOP. Além de auxiliarem na perda de peso, tais hábitos contribuem para reduzir o risco cardiovascular das mulheres acometidas pela síndrome.
Diante do exposto, ressalta-se a importância das pacientes com suspeita de SOP buscarem atendimento médico especializado, uma vez que o tratamento adequado poderá não só amenizar os sinais e sintomas, como também restaurar a fertilidade e evitar complicações.