REPOSIÇÃO HORMONAL

A maioria das mulheres entre 45 e 55 anos vão entrar na menopausa, ou seja, vão se tornar incapazes de produzir o estrógeno, o hormônio feminino. É bem conhecido que o estrógeno mantém a massa óssea adequada prevenindo assim a osteoporose, além de ter um efeito cardio-protetor por elevar os níveis de Colesterol HDL (o bom colesterol) e reduzir os de LDL (o mau colesterol).

A perda óssea é maior nos primeiros anos de menopausa e o benefício do tratamento é maior quando se inicia nos primeiros 3 meses de menopausa. O uso de estrógeno exógeno é a chamada Terapia de Reposição Hormonal – T.R.H., e tem como objetivos principais reduzir os riscos de osteoporose e as fraturas a ela relacionadas e possivelmente a morbi-mortalidade da doença coronariana.

Para que se consiga os efeitos benéficos do estrógeno é necessário uma terapêutica de longo prazo. Após 10 anos de uso da T.R.H. previne-se uma perda de 10% a 15% da massa óssea. O efeito é mantido enquanto a terapia é realizada, voltando ao ritmo de perda do início da menopausa quando a terapêutica é descontinuada.

A T.R.H. tem grande vantagem a curto prazo, onde os sintomas de climatério podem durar e 2 a 5 anos. Há uma melhora imediata dos fogachos (ondas de calor), secura vaginal, labilidade emocional e sintomas urinários, como cistite de repetição. Outros benefícios relatados em grandes estudos são redução no risco de câncer colo-retal, demência e ainda proteção contra a doença de Alzheimer. Este último ainda necessita de confirmação em outros trabalhos.

A reposição hormonal não está isenta de riscos. A grande polêmica em relação ao seu uso é a associação com neoplasias estrógeno -dependente como o câncer de endométrio e de mama. A adição de progesterona reduz significativamente o risco de câncer de endométrio. O medo do câncer de mama sem dúvida é a causa principal de abandono do tratamento pela maioria das mulheres.

O uso de estrógeno é relativamente contra-indicado nas mulheres com história de câncer de mama em parentes de primeiro-grau. Após 10 a 15 anos de uso do estrógeno há relato de aumento discreto na incidência de câncer de mama. Acredita-se que os casos de câncer de mama associados a T.R.H tenham melhor prognóstico, não se sabe se é pelo fato de as mulheres realizarem avaliação periódica e detectar precocemente o câncer.

Outros reveses da T.R.H. são o risco de acidentes tromboembólicos como a trombose venosa profunda, onde o risco é triplicado nas mulheres que usam estrógeno, elevação nos níveis de triglicerídeos, principalmente em pacientes com tendência para tal como história familiar e diabetes. Há relato ainda de piora da asma e maior incidência de problemas de vesícula biliar.

Em relação aos efeitos cardio-vasculares, um grande estudo chamado HERS da singla inglesa Hormomal Estrogen Replacement Study realizado com 2.763 pacientes na pós-menopausa já com doença coronariana estabelecida (prevenção secundária) não mostrou vantagem em usar estrógeno. Na prevenção primária, aquelas que nunca apresentaram evento cardiovascular, há a necessidade de se realizar mais estudos para comprovar se há indicação.

O mais importante na Terapia de Reposição Hormonal é a avaliação caso a caso, a conversa médico-paciente expondo todos os riscos e benefícios da terapêutica estrogênica.

Outro ponto importante é que uma vez escolhido o uso da terapêutica estrogênica seja realizada avaliação rigorosa conforme protocolo. Os exames da mama e útero devem ser feitos com rigor. Em relação a mama devem ser realizados o auto-exame e a mamografia, em relação ao útero a ultra-sonografia transvaginal com medida do eco endometrial e os exame de colposcopia.

Ao se optar pela T.R.H. a via de administração também deve ser considerada e discutida com o médico existem várias formas de administração do estrógeno: oral, transdérmica, nasal, na forma de adesivos ou gel e as formas injetáveis. O estrógeno deve ser acrescido de baixas doses de progesterona nas mulheres que possuem útero deste modo reduz-se significativamente o risco de hiperplasia endometrial. Quando da associação com progesterona, o uso do estrógeno pode ser cíclico, i.e., alternado com a progesterona o que imitaria o ciclo menstrual e faria apresentar a menstruação ou poderia ser administrado continuamente, estrógeno e progesterona ao mesmo tempo o que evitaria, o que muitas mulheres consideram desagradável, que é o sangramento menstrual.