Para que serve a Melatonina?

Fernando Gondim, Endocrinologista, CRM 16.123

A melatonina é um hormônio produzido na glândula pineal, situada no cérebro. Tem como principal função controlar o relógio biológico do indivíduo e os ciclos de sono e vigília. Sua produção depende principalmente da luz, estando ligada ao ritmo circadiano e funções do corpo durante o dia e a noite.

Nos últimos anos, evidências clínicas têm demonstrado seu papel no metabolismo energético. A melatonina participa de todas as etapas envolvidas do balanço energético (ingestão alimentar, fluxo de energia, estoque e gasto) e sua redução está associada à resistência à insulina, intolerância à glicose, dislipidemia e obesidade. Portanto, tem um papel importante na regulação do peso corpóreo.

A principal causa de redução da melatonina é a estimulação luminosa. A maioria das pessoas inicia sua produção às 20h. Quando ocorre exposição à luz durante a noite (smartphone, computador, televisão…), a síntese da melatonina é bloqueada. Esse fator pode estar relacionado com o aumento nos casos de distúrbios metabólicos e da obesidade nos dias de hoje.

A suplementação de melatonina é indicada na prática clínica para o tratamento de distúrbios do sono por fase retardada, ciclo de sono-vigília com períodos diferentes de 24h, latência prolongada para o sono, correções do sono no idoso, dessincronização sono-vigília (cegueira), fragmentação do sono e distúrbios causados pelo “jet-lag”(viagem com diferença de 3 ou mais fusos horários). Além disso, é usado como coadjuvante terapêutico em doenças neurológicas e degenerativas, certos tipos de enxaqueca , distúrbios depressivos entre outros.

A dose recomendada para o tratamento deve ser individualizada, sendo indicado o mínimo necessário para melhora dos sintomas. Apesar de não causar efeitos colaterais importantes, deve ser sempre orientado seu uso por orientação médica.

Seu uso para tratamento das desordens metabólicas como obesidade, diabetes, hipertensão e dislipidemia ainda não é recomendado, porém estudos indicam que no futuro pode ser um aliado promissor para o combate dessas patologias.