Publicada no site da SBEM Nacional
Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou um pesquisa que revela que quase metade da população brasileira está acima do peso. Segundo o estudo, 42,7% da população estava acima do peso no ano de 2006. Em 2011, esse número passou para 48,5%. O levantamento é da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), e os dados foram coletados em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.
De acordo com a Dra. Rosana Radominski, presidente do Departamento de Obesidade da SBEM, os novos resultados não são novidade, se comparados com os de 2010. “O dado agravante é o aumento de mais de 0,5% do excesso de peso e da obesidade em um ano. Isso é alarmante, se formos extrapolar os dados para os próximos dez anos”, alerta a especialista.
O estudo também revelou que o sobrepeso é maior entre os homens. 52,6% deles está acima do peso ideal. Entre as mulheres, esse valor é de 44,7%. A pesquisa também diz que o excesso de peso nos homens começa na juventude: na idade de 18 a 24 anos, 29,4% já estão acima do peso; entre 25 e 34 anos são 55%; e entre 34 e 65 anos esse número sobe para 63%.
Já entre as mulheres, 25,4% apresentam sobrepeso entre 18 e 24 anos; 39,9% entre 25 e 34 anos; e, entre 45 e 54 anos, o valor mais que dobra, se comparando com a juventude, passando para 55,9%. De acordo com Dra. Rosana, as mulheres por natureza têm maior adiposidade e menor massa muscular do que os homens e estas alterações são hormônio – dependente (estrogênios x testosterona). Já os homens têm maior tendência à adiposidade visceral (gordura abdominal), mesmo quando em sobrepeso. “Isto é tão ou mais preocupante que o aumento de peso nas mulheres, já que é fato a relação da obesidade visceral e doenças cardiovasculares, diabetes, dislipidemias e alta mortalidade”, alerta a médica. A especialista ainda cita dos prejuízos que esse aumento pode representar para saúde de um modo geral e para a qualidade de vida da população. “No Brasil não existem dados concretos publicados sobre os custos diretos e indiretos relacionados à obesidade e suas complicações, mas tomando como exemplo o que acontece em países como os Estados Unidos, estes custos que já são altíssimos, e tendem a ficar ainda maiores”, explica.
Dra. Rosana comenta também que o governo brasileiro está começando a se preocupar com essa questão, tanto que em março foi divulgado um programa de combate e prevenção às doenças crônicas e um projeto para prevenção de obesidade. “Esperamos que estes programas tenham continuidade e sejam duradouros, porque os resultados levam anos para aparecer. Nos Estados Unidos, campanhas contra obesidade infantil que foram iniciadas há cinco anos, só começam a dar tímidos resultados agora”, explica endocrinologista.
A Alimentação do Brasileiro
A pesquisa do Ministério da Saúde revela também que 34,6% dos brasileiros comem em excesso carnes com gordura e mais da metade da população (56,9%) bebe leite integral regularmente, tornando esse fator um dos principais responsáveis do excesso de peso e da obesidade no Brasil. Além disso, 29,8% dos brasileiros consumem refrigerantes pelo menos cinco vezes por semana. Por outro lado, apenas 20,2% ingerem a quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde de cinco ou mais porções por dia de frutas e hortaliças.
“Os hábitos alimentares do brasileiro não mudam, comemos poucas frutas e verduras desde sempre. Nós não estamos comendo menos frutas e vegetais hoje do que há anos atrás. Da mesma forma que a carne gordurosa é a preferência nacional há muito tempo. O que tem mudado ao longo dos anos é o aumento do consumo de alimentos refinados, industrializados e produtos “prontos” para uso com alto teor calórico”, diz a Dra. Rosana.
O levantamento mostra, também, que apesar de “comerem mal”, os homens se exercitam mais do que as mulheres: 39,6% dos homens fazem exercícios com regularidade e entre as mulheres, a frequência é de 22,4%. O percentual de homens sedentários no Brasil passou de 16% em 2009 para 14,1% em 2011.
De acordo com o Ministério da Saúde, o sedentarismo aumenta com a idade. Entre homens entre 18 e 24 anos, 60,1% praticam exercícios. Esse percentual reduz para menos da metade aos 65 anos (27,5%). Entre mulheres de 25 a 45 anos, 24,6% se exercitam regularmente. A proporção é de apenas 18,9% entre mulheres com mais de 65 anos.
“Apesar dos números, o sedentarismo no Brasil não diminuiu muito, se analisarmos os dados anteriores fica difícil essa conclusão. O fato dos homens usarem seu tempo de lazer fazendo atividade física também é cultural, isso não quer dizer que façam exercícios regularmente. A atividade física é igual entre os sexos, mas o tempo na frente da TV é maior entre os homens. As mulheres com maior escolaridade são as mais conscientes dos problemas relacionados ao peso e procuram fazer atividades programadas”, conclui a especialista.
Os Números nas Capitais
Segundo o Ministério da Saúde, Porto Alegre é a capital que possui a maior quantidade de pessoas com excesso de peso (55,4%), seguida por Fortaleza (53,7) e Maceió (53,1). Já na lista das capitais que possuem o menor índice de pessoas com sobrepeso estão São Luís (39,8%), Palmas (40,3%), Teresina (44,5%) e Aracaju (44,5%). São Paulo apresenta 47,9% de pessoas com excesso de peso. A proporção no Rio de Janeiro é de 49,6%, e no Distrito Federal é de 49,1%.
Já a capital com mais obesos é Macapá (21,4%), seguida por Porto Alegre (19,6%), Natal (18,5%) e Fortaleza (18,4%). As capitais com menor quantidade de obesos são: Palmas (12,5%), Teresina (12,8) e São Luís (12,9%).
Em São Paulo, a proporção de obesos é de 15,5%, no Rio de Janeiro é percentual é de 16,5% e no Distrito Federal os obesos representam 15% da população.