Hipertensão Secundária

Walter Cardoso

Médico Endocrinologista- CRM/PE 24178 |  RQE 10147

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

A hipertensão secundária refere-se à hipertensão arterial por causa identificável e afeta cinco a 10% da população hipertensa geral. Muitas dessas causas podem, inclusive, serem resolvidas com diagnóstico apropriado.

Os médicos geralmente consideram causas secundárias, como doença renal ou coarctação da aorta em crianças e adultos jovens com idade inferior a 30 anos. No entanto, é importante perceber que causas secundárias também são comuns em pacientes idosos, principalmente aldosteronismo primário, doença renal crônica e doença renovascular. A prevalência dessas condições é ainda maior em pacientes com hipertensão resistente, definida como pressão arterial (PA) ≥ 140/90 mmHg apesar do uso de três anti-hipertensivos, incluindo um diurético.

Outras causas, como feocromocitoma, são menos comuns, mas igualmente importantes de se reconhecer, pois a falha em diagnosticá-las e tratá-las pode levar a consequências catastróficas. Além disso, a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) tem sido apontada como uma das causas mais frequentes. Lembrando-se da associação dessa etiologia com a obesidade, que vem apresentando prevalências em níveis alarmantes, manter alto grau de suspeição no atendimento cotidiano pode auxiliar no diagnóstico mais precoce e eficaz.

Como as formas secundárias são diversas e a investigação é demorada e cara, apenas pacientes com suspeita clínica devem ser rastreados. Em particular, evidências crescentes sugerem que o monitoramento ambulatorial da PA de 24 h desempenha um papel central na investigação de pacientes com suspeita de hipertensão secundária. Já a polissonografia auxilia de forma relevante nos casos de suspeita de SAOS.

Portanto, em pacientes com causa de hipertensão potencialmente reversível, a detecção e tratamento precoces são importantes para minimizar/prevenir alterações permanentes na vasculatura sistêmica que podem dar origem a hipertensão persistente com desfecho desfavorável em longo prazo.