Diabetes gestacional: o que é preciso saber?

Marcos Almeida, endocrinologista, CRM 18.140

 

O diabetes gestacional é definido como uma hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para o diabetes fora da gravidez. Nos últimos anos o diagnóstico dessa condição vem aumentando devido a critérios diagnósticos mais rígidos, implementados recentemente. Atualmente, segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes, estima-se que 18% das gestações cursem com esta condição clínica.

Normalmente, na gravidez ocorrem mudanças hormonais para permitir o desenvolvimento do bebê. A placenta produz hormônios que reduzem a ação da insulina, que é responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo.  Para compensar, o pâncreas materno aumenta a produção de insulina. Em algumas mulheres este processo não ocorre de forma suficiente e elas desenvolvem o diabetes gestacional.

Alguns fatores de risco, como por exemplo sobrepeso e obesidade, diabetes gestacional em uma gravidez anterior, síndrome dos ovários policísticos, idade materna avançada, entre outros, podem facilitar o aparecimento do diabetes na gestação. Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda dentro do útero, há risco de crescimento fetal excessivo (macrossomia), traumatismo no parto, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta.

Assim, é de suma importância a realização do pré-natal, pois a doença geralmente é assintomática. No acompanhamento serão realizados os exames necessários, incluindo o de glicemia de jejum e o teste oral de tolerância à glicose, popularmente conhecido como “teste da garapa”, em torno da 24a a 28a semanas de gravidez. O diagnóstico é feito caso a glicose no sangue venha com valores iguais ou maiores a 92 mg/dl no jejum ou 180 mg/dl e 153 mg/dl respectivamente 1 hora e 2 horas após a ingestão do açúcar.

Uma vez com este diagnóstico, não é necessário pânico. O controle do diabetes gestacional é feito na maioria das vezes através de uma orientação nutricional adequada. A prática de atividade física, liberada pelo obstetra, é uma medida de grande eficácia para redução dos níveis glicêmicos. Aquelas poucas gestantes que não chegam a um controle adequado com as medidas anteriores são tratadas com insulinoterapia. O uso da insulina é seguro durante a gestação e visa a normalização da glicose materna.  Em casos selecionados e situações específicas pode-se usar a metformina como forma de tratamento.

É importante ressaltar que a maioria das gravidezes com diagnóstico de diabetes, quando tratada de maneira adequada, irá ter um bom desfecho e os bebês nascerão sem complicações.