Por Bruna Costi – CRM 18025/PE Endocrinologista titulada pela SBEM
Atualmente, somos surpreendidos em consultório com um pedido frequente dos pacientes: “Doutora, quero fazer um check up hormonal, pode solicitar todos os meus hormônios”. Todos?! Será que os pacientes têm ideia da quantidade de hormônios que podem ser dosados? E o mais importante, será que o tal “check up hormonal” é realmente necessário?
A realização de exames de rotina é uma prática antiga e bem sedimentada, porém com o advento da medicina baseada em evidências é que obtivemos dados mais robustos para justificar o seu custo-benefício. Portanto, o rastreio para diabetes, osteoporose, câncer de cólon são alguns exemplos de pesquisas ativas que o médico deve realizar, mesmo na ausência de sintomas. Isso acontece porque são doenças de alta prevalência, que podem permanecer silenciosas e trazer grandes prejuízos. E quanto aos exames hormonais?
Tradicionalmente, a única dosagem hormonal que constava no rol de exames de rotina era relativa aos hormônios tireoideanos. Hoje, observamos solicitações com uma extensa lista de hormônios, incluindo dosagem de hormônio de crescimento, cortisol, prolactina, testosterona, entre tantos outros. A prática denominada “modulação hormonal”, não reconhecida pelos conselhos de medicina ou sociedades de endocrinologia, utiliza hormônios mesmo na ausência de deficiência comprovada destes. Com a velha promessa de maior longevidade ou até com fins estéticos, solicitam uma enorme quantidade de hormônios para justificar tratamentos polêmicos.
É importante enfatizar que os exames hormonais não devem ser feitos de forma aleatória, e sim de acordo com uma suspeita diagnóstica. Em adultos saudáveis e sem sintomas específicos, a maior parte das dosagens hormonais são desnecessárias. Devemos sim, direcionar a investigação de acordo com a história e queixas de cada paciente, exame físico e antecedentes familiares. Excesso de exames não significa cuidado maior com o paciente, nem prevenção de doenças!