A proposta do EndoRecife é debater sobre as novidades no tratamento e diagnóstico das principais doenças endócrinas, que muitas vezes são agravadas pelo desconhecimento da população em relação aos sintomas o que, consequentemente, leva ao não tratamento. Entre as doenças endócrinas mais comuns está o câncer de tireoide. As disfunções nessa glândula, que fica localizada na parte anterior do pescoço, e é responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que regulam o metabolismo humano, foram debatidas nesta quinta-feira (05).
As mulheres são as mais suscetíveis ao mal, e segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) oito mil novos casos da doença devem acometer as brasileiras em 2014. Este é o quinto tumor maligno mais comum entre elas. A presença mais comum de doentes entre o sexo feminino pode estar relacionado aos efeitos do estrógeno na tireoide, uma vez que estudos indicam que este hormônio poderia interferir no aparecimento de células doentes. Pessoas com histórico familiar de câncer de tireoide e as que fizeram radioterapia de cabeça e pescoço também são mais predispostas a terem tireoide.
A tireoide se divide em tipos, com classificações de risco diferentes. O mais agressivo é o anaplásico e o mais comum é o papilífero. Este último responde por 80% dos casos diagnosticados, e tem uma resolução rápida. Até se fechar o diagnóstico do câncer é necessário uma ultrassonografia do pescoço e uma punção (espécie de biopsia do órgão). Depois dessas avaliações, que são geralmente conduzidas por um endocrinologista, é que será definido o tratamento. “A extração do órgão e um tratamento complementar de radioterapia são os tratamentos indicados para boa parte dos casos, mas é importante aprofundar a avaliação”, alertou Moura, lembrando que o exame de ultrassonografia ainda é uma opção eficaz para o diagnóstico.
Eliana Moura comandou o debate e coordenou a apresentação dos estudos de casos no EndoRecife. Além disso, os especialistas Paulo Almeida Filho, Laura Ward e Pedro Rosário propuseram um caloroso debate sobre o Câncer de Tireoide. Entretanto, é importante ressaltar que apenas 10% dos nódulos de tireoide são malignos e que o câncer tem baixo índice de mortalidade. O índice de cura é alto, chegando a quase 90%. Eliane Moura ressaltou também que a doença é silenciosa, ou seja, muitas vezes sem sintomas. Por isso, é necessário estar atento a qualquer alteração suspeita, como cansaço excessivo, sonolência e, principalmente, ao aparecimento de nódulos na região do pescoço.
ABERTURA – Consolidado no calendário de congressos médicos, o EndoRecife chega a sua 17ª edição com recorde de público e muitas novidades. No primeiro dia de atividades, na quinta-feira (05), o encontro reuniu os melhores especialistas do País, no Summerville Resort, em Ipojuca, localizado ao Sul da capital pernambucana. Além de profissionais relevantes para a produção científica, a cerimônia de abertura contou com a presença da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de Pernambuco (SBEM-PE). O EndoRecife, que é considerado o maior congresso regional do segmento, segue até este sábado (07).
Ainda durante a solenidade de abertura, a SBEM-PE, que é responsável pela promoção do evento, homenageou dois profissionais: Amanda Athayde e Marcelo Bronstein. Coube ao endocrinologista Amaro Gusmão, que é membro da diretoria, destacar a contribuição de Athayde para com o congresso. “Ela é um exemplo de profissional, dedicada e sempre atualizada”, disse. Já o presidente da SBEM-PE, Lúcio Vilar, agradeceu o compromisso de Bronstein com o evento. “Ele participa do EndoRecife há pelo menos seis anos e sempre deixa o seu brilho para os congressistas”, disse, Vilar, lembrando que o evento também é uma oportunidade para estreitar o relacionamento entre os colegas de profissão.
Presidente da SBEM Nacional, a endocrinologista Nina Musolino, classificou o encontro como enriquecedor. “Quero agradecer o alto nível do trabalho desenvolvido pela regional e os seus colaboradores”, disse Nina, enfatizando a preocupação da instituição com o incentivo a produção científica.