Isabel Dantas
Médica Endocrinologista- CRM/PE 22718 RQE 10776
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
A obesidade é globalmente reconhecida como doença crônica, complexa, recidivante e de alta prevalência no mundo. Considerada o resultado de interações de fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. Entender a sua fisiopatologia é imprescindível no seguimento da doença.
Existem tratamentos medicamentosos e não-medicamentosos cientificamente aprovados. Porém, o tratamento não cura a obesidade, mas pode controlá-la e diminuir comorbidades. Indivíduos obesos devem ter seguimento a longo prazo para controle do peso e evitar a recorrência da doença.
Atualmente, no Brasil, são medicações seguras, eficazes e aprovadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no tratamento farmacológico da obesidade: sibutramina, orlistate, liraglutida, bupropiona/naltrexona e lisdexanfetamina (TCA-Transtorno de Compulsão alimentar).
A ABESO (Associação Brasileira para estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) realizaram recente pesquisa intitulada “Obesidade e a Gordofobia 2022 – Percepções”. Alguns pontos importantes foram identificados: constrangimento em relação ao peso sofrido por participantes, tratamentos realizados sem orientação médica, busca por abordagens heterodoxas. Isso, acarreta forte impacto negativo na patologia obesidade.
O estigma com a obesidade tende a estimular a busca por tratamentos “alternativos” e “milagrosos”. Diante de acontecimentos noticiados na mídia, alguns com fins trágicos, na tentativa desenfreada de perda de peso, vale ressaltar, que não existe qualquer evidência científica que justifique o uso de chás e suplementos para tratar a obesidade e esses produtos não são aprovados pela ANVISA. Alertar a população sobre o perigo do consumo indevido de medicamentos é um dever médico.
Ainda, o preconceito e a desinformação da doença por alguns médicos, torna a obesidade uma condição negligenciada na sociedade. Portanto, todos os profissionais de saúde que lidam com obesidade, devem ampliar o conhecimento sobre a doença permitindo, assim, um melhor cuidado das pessoas que sofrem com essa grave comorbidade.