Por Taciana Borges, Endocrinologista, CRM 16820
É crescente o número de mulheres em nossos consultórios se queixando da dificuldade em ganhar massa muscular ou com diminuição da libido e culpam a falta de testosterona por esses problemas.
Muitas vezes, chegam na consulta solicitando a dosagem da testosterona ou já com o resultado em mãos demonstrando nível baixo ou indetectável, e, nesses casos, querem discutir como será feita a reposição do hormônio (gel, implante subcutâneo ou injetável).
O que essas pacientes precisam saber é que vários fatores podem estar associados a essas queixas, como: genética, alimentação, atividade física, sono, medicações, doenças associadas, estresse…
Além disso, o método atual de dosagem de testosterona é destinado para homens, pois eles possuem níveis 3-10x maiores que o das mulheres. Por isso, em mulheres, a testosterona baixa não é confiável e só é recomendada a sua dosagem em casos suspeitos de excesso desse hormônio (exemplo Síndrome dos Ovários Policísticos – SOP).
Devemos alertar que reposição de testosterona pode acarretar sérios riscos à saúde (irreversíveis ou não): acne; excesso de pelos (hirsurtismo); queda de cabelo; engrossamento da voz; aumento do clitóris; dislipidemia; aumento da gordura visceral; aumento do risco de hipertensão arterial, diabetes e câncer (mama e endométrio).
Os consensos das sociedades Americana e Europeia de endocrinologia se posicionam contrários à dosagem rotineira de testosterona em mulheres e contra-indicam o uso de testosterona com finalidades estéticas.
Por isso, não arrisque sua saúde com tratamentos não aprovados e comprometedores. A avaliação do endocrinologista é importante na busca de patologias que possam estar agravando suas queixas, assim como orientar para uma qualidade de vida adequada.