Anvisa mantém sibutramina

Matéria publicada no JC

BRASÍLIA  Depois de seis meses de debate com a indústria farmacêutica e os médicos, a equipe de técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltou atrás e decidiu recomendar a manutenção da sibutramina, remédio usado para emagrecimento, no mercado brasileiro. O grupo manteve a decisão de indicar a proibição de drogas inibidoras de apetite: dietilpropiona, femproporex e mazindol.

O documento sugere que a sibutramina continue no mercado, desde que respeitadas algumas condições: a droga não pode ser prescrita por um período superior a 60 dias, o paciente tem de assinar um documento em que mostra estar ciente de todos os riscos e a receita precisa ser submetida a um rígido controle.

O relatório será apresentado para diretores da agência, a quem caberá decidir, numa reunião até o fim do mês, o destino dos inibidores de apetite no País. Pela praxe, a diretoria colegiada formada pelos quatro diretores da Anvisa  segue a recomendação do relatório técnico.

Ontem, integrantes da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) ficaram ao mesmo tempo surpresos e indignados com documento dos técnicos da Anvisa. Pensávamos que iríamos colocar uma pá de cal nessa discussão e tirar de uma vez por todas esses medicamentos do mercado. Ficamos chocados com a proposta da equipe da Anvisa, afirmou um dos presentes ao encontro. Numa votação unânime, a Cateme foi contrária ao parecer do grupo técnico.

ARGUMENTOS

No início do ano, a Anvisa era favorável à retirada dos remédios. O argumento era que os riscos superavam os benefícios. Essa convicção foi mantida mesmo depois das duas audiências públicas realizadas para ouvir especialistas e a sociedade.

Depois do último encontro, a chefe do Núcleo de Notificação da Anvisa, Maria Eugênia Cury, afirmara: Nenhum argumento ouvido nos encontros trazia um fato novo que mereceria a mudança do parecer.

A especialista foi questionada ontem sobre qual seria o fato novo. A resposta foi: Uma decisão da equipe técnica. Durante todos os meses de discussão, a pressão da indústria e de médicos se concentrou em garantir a manutenção da sibutramina.